Confusão ocorreu durante uma festa junina e está sendo investigada pela corregedoria de ambos os órgãos
No sábado, 29, o delegado da Delegacia Especializada de Homicídios de Betim, Otávio Luiz de Carvalho, foi agredido por dois policiais militares de Mateus Leme, durante a festa junina de uma escola, que acontecia no Poliesportivo da cidade. O JORNAL DE JUATUBA E MATEUS LEME entrou em contato com o delegado e com as polícias Civil e Militar para apuração dos fatos.
Segundo Otávio, o crime aconteceu após o filho de um dos cabos da Polícia Militar esbarrar em sua perna e cair. “Eu estava na fila para comprar um salgado para o meu filho, de repente esses dois militares chegaram me agredindo, me xingando, gritando palavrões. Eu não sabia se era comigo mesmo, até um me dar um soco no olho e o outro me empurrar, no meio de todo mundo”, relatou o delegado.
O delegado disse ainda que ao se identificar, deu voz de prisão aos policiais. “Eles começaram a gritar, falando que eu não os prendia, palavrões, enfim … graças a Deus não aconteceu nada pior, porque eles estavam armados e eu também, e havia muitas pessoas no local, crianças, incluindo minha família”, contou Otávio.
O cabo, identificado pelo delegado como Richard, foi conduzido, em flagrante, para a Delegacia de Polícia Civil de Juatuba, onde foi realizado um Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO. O outro cabo, identificado como Aguiar, fugiu do local, mas foi intimado e deverá comparecer à corporação. “Estou muito indignado com o que aconteceu e vou tomar providências contra eles na área civil-criminal, eu vou até o fim”, afirmou o delegado da Polícia Civil.
De acordo com as polícias Militar e Civil, em nota conjunta, as corregedorias das duas instituições já estão em contato para compartilhar as informações e para apuração do fato, com total imparcialidade.
Processos
O delegado já abriu uma representação criminal contra os policiais militares, com inquérito instaurado em Juatuba, local onde fica a regional da Polícia Civil. Otávio, também está tomando as providências administrativas junto a Polícia Militar, com ação de punição aos cabos envolvidos. “Eu quero que eles sejam expulsos da PM porque são pessoas desequilibradas, não podem representar a corporação policial, sem preparo psicológico. Eles têm a função de proteger a sociedade e são os que estão agredindo”, desabafou Otávio.
Uma ação civil contra danos morais também será feita pelo delegado. Ele afirma que o crime o humilhou na frente dos filhos, esposa e toda a população mateus-lemense.
Versões
Em Boletim de Ocorrência – BO – registrado pela PM, algumas pessoas teriam relatado que o delegado estaria embriagado. Entretanto, à reportagem, Otávio afirma que a informação não é verídica. “Essa versão é para justificar tudo o que eles fizeram. Eu fiz questão de, além do exame de corpo de delito, fazer o exame de sangue para comprovar que não estava. Ao contrário dos PMs, que estavam bebendo o dia inteiro, segundo informações que eu obtive, acredito que poderiam estar até drogados, porque para agir dessa maneira, acredito que seja a única explicação”, disse.
Reincidência
Conforme relatos do delegado, algumas pessoas o procuraram depois do fato, afirmando terem sido vítimas desses policiais militares. “Fiquei sabendo que eles fizeram isso com muitas pessoas em Mateus Leme, só que o pessoal tem medo deles. Estou recebendo muito apoio, muitas pessoas me procurando e afirmando que foram vítimas de abuso de autoridade”, comentou.